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Não! Não podemos normalizar!

  • Foto do escritor: Camilla Fiorito
    Camilla Fiorito
  • 26 de jan. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 3 de out. de 2024


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Ontem, li uma reportagem sobre a fala de um advogado alegando que denúncias de abuso sexual estão na moda.


Não, não estão na moda! Estamos tão acostumados a normalizar esse tipo de acontecimento, onde crescemos sendo abusadas, muitas vezes, deturpando o que é o verdadeiro caminhar, achando que aquela verdade é a única verdade. Então, passamos a vida dentro daquelas relações abusivas, seja familiar ou não, sem freio, sem percepção, nos encharcando de abusos sexuais, morais, físicos, psicológicos. E, para que as próximas gerações não passem por isso, precisamos SIM falar sobre esse assunto e dar FIM a essa cultura.


E não, não podemos deixar passar! Principalmente, quando crescemos e temos a percepção do real, seja aprendendo com a vida, com estudo ou com imersão psicoterapêutica, além de entendermos que os abusos acontecem independente da orientação sexual e identidade de gênero.

Ontem, ainda em nossa viagem de férias, passei por um desconforto enquanto estava fazendo waffles. Um homem na faixa dos seus 30 anos, que estava na fila, se deslocou e se posicionou nas minhas costas, tocando o meu corpo algumas vezes. Percebi a situação, fiquei firme e pedi a ele que se afastasse. A vida seguiu. Hoje, desci no mesmo horário para preparar o café da minha família e levar para o quarto. NOVAMENTE na fila do waffle. NOVAMENTE o mesmo homem, mas não era eu na mesma situação e, sim, uma outra mulher: uma americana, empurrando um carrinho de criança vazio, arrumando o café dentro dele, fazendo waffles para a sua família. Continuei preparando meu café e NOVAMENTE o mesmo homem se deslocou até ela em outra parte do salão. Imediatamente, me aproximei, falei para continuar observando e ter cuidado. Quando a vi terminando de preparar o seu café, perguntei se queria subir comigo, pois eu estava indo para o elevador.


Como não existe coincidência, ela está hospedada no meu andar, e, durante o trajeto, me contou que o mesmo homem já tinha feito isso há poucos dias atrás e que ficou assustada e incomodada quando aconteceu.


Uma denúncia na recepção do hotel será feita e ela está certa, pois não podemos normalizar. Fará isso pelos seus filhos que estavam no quarto esperando o café, assim como eu faço esse relato por mim, pela minha filha e por tantas outras pessoas que passam ou já passaram por isso. Não posso normalizar!


E, voltando ao assunto lá de cima, NÃO estão virando moda, apenas estamos criando coragem de falar sobre um assunto que por anos foi "jogado para debaixo do tapete" e dando voz a tantas outras pessoas. Isso se chama CURA e não ódio como alguns pensam. CURA de algo que já sofremos e não queremos continuar mais naquela imersão que citei no segundo parágrafo desse texto. E, infelizmente, vemos ainda hoje pessoas que sofreram e sofrem normalizando.

Depois de escrever tudo isso e fazer uma visita ao meu passado, fico feliz em ver que consigo lutar por essas causas não só dentro do abuso sexual, mas em todos os tipos de abusos e que precisamos educar, falando sobre assuntos que ainda são tabus na sociedade em que vivemos. E que como mãe e educadora estou cada vez mais atenta, para orientar sempre.


Sigo confiante que um dia essa cultura mude, assim como tantas outras que precisam mudar.


Obrigada aos que seguem comigo, pois sem eles não seria fácil me permitir falar.




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